sexta-feira, 2 de maio de 2014

Taticamente Jorge Jesus é o melhor treinador português e um dos melhores da Europa


Hoje em dia JJ é bastante melhor do que José Mourinho. Taticamente é um treinador irrepreensível, que estuda aos pormenores os mais pequenos detalhes e que, por isso, o faz ganhar em praticamente todos os campos.

Recuando atrás no tempo, quando se falava da grandeza do Benfica as gerações mais novas simplesmente não sabiam o que era isso. O Benfica não tinha um ADN de vencedor, não estava nas decisões, havia um certo conformismo quando a equipa não ganhava, ... Isto era o Benfica. A raça, o crer e ambição que tanto falavam as gerações mais velhas não eram percebidos nem sentidos pelas gerações mais novas, porque simplesmente nunca viram isso em campo.

Com a chegada de JJ ao Benfica, as gerações de 80 e 90 começaram a perceber realmente o que era a mística. JJ potenciou uma equipa ano após ano com jogadores muitas vezes vulgares. Aqui está a capacidade de JJ - pegar em 11 gajos e fazer uma equipa das mais fortes a nível europeu. Quando chegou ao Benfica e disse que a equipa tinha de começar a jogar o dobro mentiu. A equipa começou a jogar 3, 4, 5 vezes mais. Muitas vezes venceu equipas de grandes individualidades porque a equipa joga como um todo.
Hoje,  JJ é um dos melhores que passou pelo campeonato português e mesmo perdendo nos momentos decisivos jogos que lhe custaram títulos, ele sempre conseguiu superar esse trauma. Na época 2012/13 a equipa jogou como nunca, sufocava cada adversário sem dó nem piedade. Era um massacre total. E no fim o inesperado aconteceu. A equipa perdeu todas as decisões finais. Não ganhou absolutamente nada. A grande maioria dos benfiquistas pedia a demissão de um treinador que em 4 anos ganhou apenas 1 campeonato e 3 taças da liga. Era pouco para uma equipa como o Benfica.

Eu sempre defendi a continuidade de JJ, porque via nele um dos melhores treinadores que passaram no Benfica. Não se podia crucificar um treinador assim. Para ele perder o que perdeu teve de ganhar muitos jogos. JJ aprendeu com os erros e conseguiu perceber o que tinha de mudar e o resultado esta época está à vista. Já ganhou o campeonato e está em todas as finais das restantes competições. Um momento idêntico ao do Bayern de Munique que em 2011/12 perdeu tudo e em 2012/13 ganhou tudo com o mesmo treinador.

O Benfica de Jesus é das equipas europeias mais fortes taticamente o que faz parecer que tem individualmente jogadores de grande categoria. E efetivamente tem mas não pode ser comparado às individualidades de alguns tubarões europeus. Por exemplo, a Juventus a nível individual é mais forte que o Benfica mas a nível coletivo não.


O Benfica de Jesus é uma equipa de transição mas sabe jogar os diferentes momentos do jogo ao contrário do Chelsea de Mourinho. O Chelsea quando tem a bola só sabe jogar em transição enquanto o Benfica sabe jogar em transição e em posse, organização (mesmo sendo uma equipa de transição como Real Madrid e Dortmund). Os melhores têm de saber jogar todos os momentos e não só em alguns. Nos momentos defensivos o Benfica e o Chelsea são muito parecidos a abordarem o jogo. A diferença está no facto do Benfica estar preparado para jogar em todos os momentos e o Chelsea apenas o momento defensivo e de transição. É interessante ver como se comportam o Chelsea e o Benfica quando jogam contra equipas que metem o autocarro à frente da baliza. O Chelsea, ao contrário do Benfica, simplesmente não sabe jogar, não se sabe adaptar porque não está talhado a jogar aquele momento do jogo e isso deve-se ao treinador. O Chelsea defende com 10 jogadores e ataca com as individualidades de 2 ou 3. E pronto, isto é o Chelsea de Mourinho. O Benfica mesmo a jogar em inferioridade numérica consegue atacar com mais e de forma mais eficaz, não se limitando às individualidades. Contra a Juventus o Benfica teve sempre intenção de sair a jogar como equipa (mesmo jogando com 10), apesar de o momento ofensivo do Benfica ser bastante reduzido. E o momento de organização ofensiva do Benfica não se limitava apenas a Lima e Rodrigo mas também a Gaitán, Markovic e Enzo e à profundidade de Siqueira e Maxi (a equipa ataca como um todo e não com as individualidades de 2 ou 3). Mas não só de tática se vence os jogos. O Benfica venceu a Juventus com uma tremenda eficácia no ataque - 3 remates à baliza em 2 jogos e 2 golos.

Mourinho, com os recursos que tem , tinha a obrigação de fazer muito mais. E fazer mais não é ano após ano ir buscar grandes jogadores, mas sim evoluir taticamente e saber jogar todos os momentos do jogo. Num clube inferior Mourinho faria resultados medíocres. O próprio Hazard afirmou que "o Chelsea não está feito para jogar futebol. Muitas vezes pedem-me para fazer tudo sozinho e não é fácil". Isto diz tudo do que tenho vindo a dizer.

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